domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril - Dia da Liberdade

A Liberdade o que é?...para os miúdos.

Segundo José Jorge Letria in "O que é a Liberdade?"

A Liberdade
é um pássaro sem medo
a cantar dentro da boca.

A liberdade
é uma árvore
capaz de abraçar as estrelas.

A Liberdade
é uma palavra límpida
no ramo mais alto da fala

A Liberdade
é um morango a dizer ao vermelho:
"Agora quero ser verde".

(...)

A Liberdade
é um livro sempre aberto
na página ainda por escrever

(...)

A Liberdade
é um circo que torna livres
todos os bichos.

(...)

A Liberdade
é uma letra apaixonada
por um número iluminado

(...)

A Liberdade
é um avô a gatinhar,
sem parar, atrás do neto.

(...)

A Liberdade
é ter tempo para dar
mais tempo aos outros.

(...)

A Liberdade
é a última coisa
que se pode perder.

(...)

A Liberdade
é um velho
para sempre criança.

(...)

A Liberdade
é um gato
apaixonado pela lua.



POEMA SOBRE A LIBERDADE...para os graúdos.

PARA QUE TU, LIBERDADE

Cresci a sonhar contigo, tu sabes,

com a pressa ansiosa dos amantes,

todo os dias, sem descanso ou desalento,

imginando a claridade do teu olhar sereno,

o rumor da tua voz marinha,

o embalo de onda do teu sono de menina.

Um dia chegaste e ergueste a tua casa

na mansa vizinhança dos meus sonhos,

paredes meias com o esplendor dos cravos.

Partilhei contigo o alpendre das estrelas

onde os meus filhos brincaram e cresceram,

onde eu brinquei com os búzios e as sombras

e te prometi fidelidade eterna,

como no fogo das paixões maiores.

Ambos envelhecemos desde então,

dorso arqueado pelo peso

do mais amargo desencanto,

sem renunciarmos à felicidade

que um dia prometemos um ao outro.

Fomos nós que envelhecemos

ou foi a alegria que se exilou do nosso olhar ?

Foi Abril que perdeu o fulgor primordial

ou fomos nós que deixámos de o merecer,

luz fugidia a escapar por entre os dedos ?

Amanhã acordarás numa cama de pétalas,

imitando a límpida música das fontes,

e eu estarei contigo, como quem renasce,

para que tu, Liberdade, não morras nunca

de tristeza ou abandono nos meus sonhos.

José Jorge Letria (Janeiro de 2004)

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